julion, el ratón ratito (for Art's sake!)

Friday, October 19, 2007

acting?

O tema do post anterior, e a defesa da «pintura» contra a «acção» parece estranho vindo de um actor, e de alguém empreendedor, que tem mais de aglutinador de gente e entusiasmador, como o Ernesto de Sousa o foi. A pintura é uma actividade quase meditativa. Num certo limite é uma reacção quietista a um estado de tábua rasa, ou uma vontade de «povoamento» fictício. É de qualquer modo uma experiência insólita e solitária, como o é a escrita - há uma certa auto-marginalização. E o silenciamento do Batarda e de outros já vem do velho motivo da «poesia muda», ou quietinha, e do melhor silêncio do Salvator Rosa que o Batarda também cita.

Há uma tradição de barulhisação - uma tradição feliz e festiva - que vem se calhar das velhas Academias italianas, quando estas eram a oportunidade de confraternisar e beber uns copos (ou fazer alguns disparates, a pretexto da bela convivialidade), e que também o foi das ditas vanguardas, particularmente do futurismo e do dadaísmo. Essa tradição reemerge no hapenning e na performance. Penso no caso paradigmático de John Cage, um teatralizador do silêncio - e de como o silêncio requere uma atenção teatral quer por parte do compositor, do executante e do público. No fundo Cage está a aproximar-se da pintura como de uma acção ideal - só que a teatralização leva a outras paragens. E a certa altura perguntamos se todo o acto meditativo não é uma teatralização.

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