julion, el ratón ratito (for Art's sake!)

Thursday, November 09, 2006

Julion, el Ratón



Velhas intenções e polémicas abjectas demoveram-me de continuar enquanto Julio Rato o meu antigo Blog. Surjo agora, ainda mais avacalhado quanto a mim, e patéticamente prudente quanto aos outros, com o nome folclórico de Julion Raton, tal como Batarda, o meu modelo do qual sou um parolo bastardo, também se parodiou no titulo de uma pintura como Batardón Maricon.


Estiquei-me em prosas há uns vinte anos atrás, com o meu projecto de paródia a Duchamp (1987) «o marialva posto a ferros pelas suas manas putéfias» - um grande verso-verme. O meu modelo filosófico era, e ainda também é, um gajo das cervejas, o Stirner, um filósofo tão falhado em vida quanto a maioria dos filósofos. E do outro lado um certo Sade, não o Sade das listas de perversôezinhas (cartografia de um imaginário celerado), mas o Sado estupidamente retórico, ardente ateu, persuadindo o leitor a seguir-lhe os argumentos. A filosofia como o intervalo do deboche.


Eu escrevia, num solipsismo extremado (hipercartesiano): «o que eu não sei ainda não é saber». Ou «o Ser só é porque eu sou». Estou-me nas tintas quanto à realidade e oportunidade (valor?) ou não destas minhas afirmações, porque sinto prazer e voluptuosidade em escrevê-las. São uma exercitação que clarifica outros jogos de linguagem. Por isso reproduzo eabaixo as minhas anteriores intenções. Poderia melhorá-las? Claro. Mas deixo-as assim!






A arte torna-se apenas arte a partir do momento em que a comento. De preferência maliciosamente.Para deixar de me denegrir constantemente e exibicionisticamente adoptei a atitude construtuvista de um terrorismo crítico.

É certo que sou um crítico dos críticos, no mínimo acérrimo, mas não deixemos os eventuais objectos de arte ao abandono.

No fundo até nem sou má pessoa. Nem sequer me detesto. E o que se faz passar por arte até merece as habituais migalhas de admiração, para além da natural indiferença, que como uma esmola, as obras de arte e os artistas pedem.Confesso que chegado a esta idade (os anafados 47 aninhos) nem sequer me consigo maravilhar com os génios que a suposta história de arte consagrou.

Esperteza saloia e malabarismos técnicos banalizam-se no esforço. Muita intencionalidade vigarista. Alguém se consegue extasiar de facto com o grand verre do Duchamp? E será que existe alguma obra-prima do Leonardo? Não me ocorre nenhuma! Se vos ocorrer digam-me! O Miguel-Angelo da Sistina já se aproxima de alguma grandiosidade, mas há algo de feirante, de querer despachar a coisa com o mínimo de esforço e impressionar o cliente de um modo fácil. O mesmo podemos dizer de Shakespeare ou de Mozart, embora ocorram alguns momentos enternecedores, algumas frases e melodias que nos embriagam, sobretudo se estivermos mesmo bêbados ou drogados.

Pedalo no pior que posso dar para melhorar o art world, que, francamente, anda cada vez mais agarrado a merdices que não interessam nem ao menino jesus.O meu percursor é o Batarda dos tempos do Sempre Fixe. Batarda apesar de tudo ainda acredita que a excelência existiu algures no Renascimento. Eu só acredito que a excelência pode vir a existir se formos suficentemente impiedosos. Não podemos pactuar com o bom. Temos que exigir o óptimo.

A história é um diligente processo de sucessivas e equívocas humilhações. As tricas da história aviltam qualquer suposta dignidade dos herois ou dos santos, mesmo os autores de livros divinamente inspirados.O mundo existe para se reduzir a um poema? Balelas! Nenhum poema nos satisfará plenamente por mais que se queira rotular de absoluto.

Mas o mundo pode ter um sentido, mesmo que precário, se criar obras-primas de arte. Esta convicção é banal. Mas só pode ser cumprida quando as tais obras primas surgirem. É nisso que sou optimista, uma vez que admito essa possibilidade. O mundo existe para se tornar uma super-obra-prima-de-arte? Talvez... A arte (e os seus críticos) para já existe para ser críticada por mim. O mundo existe para que eu seja o seu crítico.

Comentar o art world é (para mim) destrivializá-lo. O encantamento surge mesmo depois de esquartejado o cadáver.Quanto ao provincianismo... onde é que ele não existe?

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de rato a ratón o criticismo terrorista espanholou-se